domingo, 17 de maio de 2009

Esperança

É fácil para um Poeta tratar de um assunto tão complexo. Porque simplesmente ele encontra esperança em pequenas coisas e vê em imagens estáticas, cenários mortos, um brilho de algo que parece estar refletindo e apontando diretamente para sua própria alma. É capaz de ficar ali olhando fixo. Com olhos águados. Brilhantes. Estarrecidos. Não consegue se mover por instantes, porque não quer que aquilo se perca no momento seguinte. Respira contido. Baixinho. Ouve seu próprio coração. Disfarça sua perplexidade diante de tamanha beleza, com a esperança de reter aquele momento. Engole seco. Engole o choro. Engole o suspiro. Quer abraçar aquilo tudo com enorme desespero. Não se atreve a olhar para os lados. Não tem como explicar o que testemunhou. Carrega já ali, dentro, apertado, mais um jóia rara, guardada cuidadosamente. Vive assim de momentos intensos e solitários que o alimentam. Mas tem esperança de um dia encontrar quem, mesmo sem querer, possa se aproximar, reconhecendo-o. Dizendo que estava ali ao seu lado naquele instante e que também testemunhou tamanha beleza. O Poeta então sorriria. Sorriso de anjo diante do que para qualquer outro mortal não passaria de nada.

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