Fazia muito frio aquela noite. A praça estava quase vazia por causa da chuva fininha que caía. Ele estava por ali, esperando, olhando para o nada. Quando resolveu ir embora, ela chegou. Parecia que tinha corrido muito para estar ali, tinha os cabelos molhados, um ar cansado e seu coração disparado, quase dava para ouvir. Trocaram olhares. Ficou aquele clima estranho, um tentando ler o que o outro estaria pensando naquele instante. Por fim, ela resolveu quebrar o silêncio.
Ela: - Fala você primeiro.
Ele: - Não. Não quero que o que eu vá dizer influencie a tua decisão.
Ela: - Por que? Acha que eu mudaria de idéia à essa altura?
Ele: - Sei que mudaria. Apenas sei e pronto.
Ela: - Então o que eu disser também pode mudar o que tem para me dizer… Já sei como resolver isso. Escrevemos agora, ao mesmo tempo, o que queremos dizer, um para o outro.
Ele: - Hum, parece bom isso.
Ela: - E se, depois disso, a gente achar que ainda tem o que conversar a gente se encontra aqui amanhã, nesse mesmo horário, que tal?
Ele: - Mas tanta coisa pode acontecer até amanhã.
Ela: - Ai, o que por exemplo?
Ele: - Eu estar aqui amanhã?
Ela: - É?
Ele: - Me entrega tua carta, por favor.
Ela (entregando a carta, meio irônica) : - Agora vai. Quero ler, talvez a gente se fale.
Ele (impaciente): - E você tem sempre que dramatizar as coisas, sei que vou ter que falar com você, não importa o que esteja escrito aqui. Mas acho melhor ir agora. Não entendo mesmo essa tua insegurança.
Eles não conseguiam se entender, cada um tinha sua perspectiva dos fatos. Achavam que sentiam a mesma coisa um pelo outro, mas isso parecia mais intuição. Talvez, por causa de limitações, tivessem achado que resolver as coisas dessa maneira, traria algumas certezas. Mas era apenas um jeito de adiar, porque certezas, os dois sabiam ter. Só não sabiam ainda se elas eram compatíveis.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
Home
Passei na frente da tua casa.
Onde você morou por tanto tempo.
Estava vazia.
A rua, o bairro, sem você podiam não mais existir.
E aquela escadaria?
Um desperdício estar ali.
Quem vai subir ou descer por lá que tenha um coração como o seu?
Isso sem falar das tuas palavras,
que ainda flutuam por aqui,
tentando encontrar em cada canto um resto de presença tua.
Em vão.
E sem o teu olhar então, nada mesmo faz sentido.
O mesmo olhar que reteve e guardou o impossível.
Onde você morou por tanto tempo.
Estava vazia.
A rua, o bairro, sem você podiam não mais existir.
E aquela escadaria?
Um desperdício estar ali.
Quem vai subir ou descer por lá que tenha um coração como o seu?
Isso sem falar das tuas palavras,
que ainda flutuam por aqui,
tentando encontrar em cada canto um resto de presença tua.
Em vão.
E sem o teu olhar então, nada mesmo faz sentido.
O mesmo olhar que reteve e guardou o impossível.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Referência
Temos um mundo de referências flutuando ao nosso redor desde que nascemos. Mas uma seleção natural vai acontecendo e acabamos nos identificando tanto com algumas delas, que é como se aquilo que reconhecemos batesse lá no fundo da alma, a ponto de ser genuínamente nosso. Acho que sem perceber, passamos a procurar desesperadamente por tudo isso que nos identificamos. Queremos ter aquela sensação estranha de se sentir em casa. Tão rara. Tão especial. E sentir algo assim não é algo para ser explicado. Viver o impossível por causa disso, é o que essa sensação merece. Mas isso é mérito. Apenas.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Olhar
Um olhar não deveria arrancar nada de ti.
O pedaço que me pertence.
O que há tanto tempo aprendi a abrir mão.
Deixei esse espaço.
Um mundo de possibilidades.
Infinitas.
E toda vez que olho enxergo mais.
Mais do que gostaria.
E nada parece ser o que é.
O pedaço que me pertence.
O que há tanto tempo aprendi a abrir mão.
Deixei esse espaço.
Um mundo de possibilidades.
Infinitas.
E toda vez que olho enxergo mais.
Mais do que gostaria.
E nada parece ser o que é.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
"Song to the Siren" by This Mortal Coil
On the floating, shapeless oceans
I did all my best to smile
til your singing eyes and fingers
drew me loving into your eyes.
And you sang "Sail to me, sail to me;
Let me enfold you."
Here I am, here I am waiting to hold you.
Did I dream you dreamed about me?
Were you here when I was full sail?
Now my foolish boat is leaning, broken love lost on your rocks.
For you sang, "Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?
Hear me sing: "Swim to me, swim to me, let me enfold you."
"Here I am. Here I am, waiting to hold you."
I did all my best to smile
til your singing eyes and fingers
drew me loving into your eyes.
And you sang "Sail to me, sail to me;
Let me enfold you."
Here I am, here I am waiting to hold you.
Did I dream you dreamed about me?
Were you here when I was full sail?
Now my foolish boat is leaning, broken love lost on your rocks.
For you sang, "Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?
Hear me sing: "Swim to me, swim to me, let me enfold you."
"Here I am. Here I am, waiting to hold you."
domingo, 8 de novembro de 2009
Histórias
Os letreiros diziam que aquele era um filme romântico.
Ela entrou no cinema sozinha. Procurou uma poltrona afastada. Pretendia se proteger de uma possível companhia. Assim que o filme começou, toda aquela luz refletia em seu rosto, deixando-a ainda mais bonita. O filme era protejetado ali, naquelas retinas. E seus olhos vertiam lágrimas, na medida em que se indentificava com a história. Se achou parecida com a mocinha a princípio, lembrou daquele tempo em que o amor esteve ali ao seu lado e de tantas trocas possíveis. Sem virar a cabeça, tentou perceber se alguém tinha notado seu descontrole. Sua respiração estava ofegante, seu coração disparado. Se sentiu confusa com o rumo que a história havia tomado na tela e em sua vida. De repente, passou a se identificar com o rapaz, que na tela espera dentro do carro pela decisão da moça. A decisão que os separaria ou os uniria para sempre. Lembrou da última vez que viu aquele rosto tão familiar. Queria abandonar o filme ali, intuía o final.
Ela entrou no cinema sozinha. Procurou uma poltrona afastada. Pretendia se proteger de uma possível companhia. Assim que o filme começou, toda aquela luz refletia em seu rosto, deixando-a ainda mais bonita. O filme era protejetado ali, naquelas retinas. E seus olhos vertiam lágrimas, na medida em que se indentificava com a história. Se achou parecida com a mocinha a princípio, lembrou daquele tempo em que o amor esteve ali ao seu lado e de tantas trocas possíveis. Sem virar a cabeça, tentou perceber se alguém tinha notado seu descontrole. Sua respiração estava ofegante, seu coração disparado. Se sentiu confusa com o rumo que a história havia tomado na tela e em sua vida. De repente, passou a se identificar com o rapaz, que na tela espera dentro do carro pela decisão da moça. A decisão que os separaria ou os uniria para sempre. Lembrou da última vez que viu aquele rosto tão familiar. Queria abandonar o filme ali, intuía o final.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Tempo
Por um tempo serei pequena.
Por um tempo serei só.
Por um tempo serei tua.
Haverá um tempo de ficar.
Tempo de aprender.
De se perder.
De abandonar.
Por um tempo farei as mesmas coisas.
(Na esperança de que elas não mudem.)
E o tempo já passou.
Tanto que já esqueci.
Vaga lembrança do que fui.
Em tempo renasço.
A tempo de me encontrar.
Por um tempo serei só.
Por um tempo serei tua.
Haverá um tempo de ficar.
Tempo de aprender.
De se perder.
De abandonar.
Por um tempo farei as mesmas coisas.
(Na esperança de que elas não mudem.)
E o tempo já passou.
Tanto que já esqueci.
Vaga lembrança do que fui.
Em tempo renasço.
A tempo de me encontrar.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
sds
A saudade se alimenta da distância.
Saudade vive da falta.
Respira lembrança.
Saudade é etérea.
É cumplice.
Testemunha da vida.
Grande termômetro de sentimentos.
Referência de sensações.
Saudade é medida.
É doída.
Saudade transborda.
Saudade transporta.
Descontrola.
Enlouquece.
Saudade não dá para fingir.
É infinita.
Saudade vive da falta.
Respira lembrança.
Saudade é etérea.
É cumplice.
Testemunha da vida.
Grande termômetro de sentimentos.
Referência de sensações.
Saudade é medida.
É doída.
Saudade transborda.
Saudade transporta.
Descontrola.
Enlouquece.
Saudade não dá para fingir.
É infinita.
domingo, 1 de novembro de 2009
A tarde
Eu que busco eternamente.
Que penso ter encontrado algum caminho.
Que tenho sede.
E corro até perder o fôlego.
Corro para me perder.
Que faço de conta que posso voltar atrás.
Eu que me nego a aceitar teu não.
Que ignoro teus sinais.
Que te liberto.
Em sonho.
Eu vejo o que tu vês.
O que faz sentido.
O que move o mundo.
O que nos une.
Que penso ter encontrado algum caminho.
Que tenho sede.
E corro até perder o fôlego.
Corro para me perder.
Que faço de conta que posso voltar atrás.
Eu que me nego a aceitar teu não.
Que ignoro teus sinais.
Que te liberto.
Em sonho.
Eu vejo o que tu vês.
O que faz sentido.
O que move o mundo.
O que nos une.
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