sábado, 24 de outubro de 2009














Alguns momentos da minha vida,
alimento com muita intensidade.
Eles vivem do amor que sinto.
Cultivados para me salvar.
Me resgatam quando não sei mais quem eu sou.
São ancestrais em mim.
Eternas companhias.
E se não me amassem tão profundamente também,
eu deixaria de ser.

ir

Não espere que eu faça algum sentido.
Que eu tenha alguma direção.
Nem que saiba aonde estou indo.
Na maioria das vezes me deixo seguir.
Me deixo ir simplesmente.
Em alguns casos, por razões que parecem justificar minha existência.
Em outros, apenas por curiosidade.
Vou também porque imóvel, não posso ficar.
Por querer estar em vários lugares.
E por saber que não pertenço a nenhum deles.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tudo o que é genuíno me interessa, até a dor.

Se for assim, já está no crédito.
Pode se apresentar, por favor.
Quero conhecer, seja lá o que for.
Medo maior tenho se não quiser ficar um pouco mais.
E já que aqui está, aproveita para falar um pouco de ti.
Não te sentir.
Não é uma opção.
Pode ser a medida exata do que te é mais caro nesta vida.
Mas dor significa grande aprendizado e tentar fugir só vai adiar uma grande lição.
Dor é termomêtro.
Em alguns casos redenção.
Nascemos através de uma.
Do tamanho de uma vida inteira.
Dor não é só triste.
Dor existe também para valorizar.
Genuína causadora de grandes transformações.
Carrega sempre um mundo de possibilidades.
Dor carrega saudades.
Chega até a doer o coração.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A lot like love

Diante de um sentimento de alma não existem dúvidas.
Nem impossibilidades.
É o acesso que tudo torna possível.
Não precisa do teu consentimento para seguir.
E vai em frente colhendo experiências.
Causador de profundas transformações.
Mantém- se intacto no interior.
Estará ali até que estejas pronto.
Espera pela eternidade,
se preciso for.
Desconhece a impaciência.
E tem tanto para te dizer,
que nunca encontrará as palavras certas.

Caio Fernando Abreu falando de Clarice Lispector

“Eu chorei depois a noite inteira, porque ela inteirinha me doía, porque parecia se doer também, de tanta compreensão sagrada de tudo.”

sábado, 17 de outubro de 2009

anotações do caderninho rosa

Estas seguro no lugar que te escondi.
Olhares curiosos nunca o encontrarão.
Não ousam procurar o amor ali.
Pensam que estarias perto mar.
Juram que te viram na beira de um rio.
Poderia estar na França ou Japão.
Protegido, podes ficar mais um pouco.
Tempo suficiente de existir
e transbordar onde fazes sentido.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

delivery

O mar me deixou um recado.
Escreveu na areia que há muito tempo aguardava por mim.
Esperava que eu me jogasse ali.
Queria que eu entendesse o quanto precisava dessa entrega.
Era paciente.
Mas não se contentava mais em molhar meus pés.
Diante do convite da imensidão,
sabia que não teria como voltar atrás.
Que seria um sim definitivo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Lua

Girar em torno de quem se ama,
amplifica espaços.
Aumenta a noção da relatividade do tempo.
A lua dá o recado,
diretamente do céu.
Minguando de tristeza.
Nova.
De novo.
Crescendo a tua espera.
Cheia e repleta.
Minguando mais uma vez.
Te mostra os ciclos.
Acontecendo de novo.
Até que tu não aconteças mais.
Mas a lua,
continua.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

words

Se te custa perdoar, não perdoe nunca.
Se for apenas uma palavra que escapou sem carregar o verdadeiro sentimento, deixe-a ir.
Que se vá logo e se perca no espaço sem achar caminho de volta.
Não quero palavras assim por perto.
As que me rodeiam, são bem mais sedutoras.
E eu as perdoo por me fazerem assim, dependente.
Por elas, escrevo até o que não sinto.
Palavras em vão.
Iludidas de um sentimento qualquer.
Tentam me ensinar coisas.
Insistem para que eu me lembre da história.
Mas que história?
Se fosse verdadeira, eu não teria esquecido.
Penso que meu coração fraqueja mais que minha memória.
Torce para que esta falhe também.
Quer continuar me enganando.
Quer que eu escreva.

domingo, 11 de outubro de 2009

Deserto

Não existe nada que me faça lembrar de quem eu fui.
Em tão pouco tempo tudo se desfez aqui dentro.
Nos meus sonhos não reconheço mais teu rosto.
As vezes acho que escuto tua voz me chamando,
mas num segundo esqueço tão familiar som.
Não sobraram tuas fotos.
E as cartas não são mais a mim endereçadas.
Não estou aqui.
Existo em outro lugar.
Mais distante,
calmo
e sereno.
Aceito a minha companhia com uma certa resistência,
apreensiva com quem eu vou encontrar.
Me faço perguntas,
mas não tenho pretensão alguma com as respostas.
Elas que aguardem meu sinal, se quiserem esperar por mim.
Pouco me importa.
Nada me importa.
Encaro esse deserto me sentindo rica,
sei de sua beleza árida e inestimável.
E mesmo relutando em me aceitar,
sei que se preparou para mim,
Achando que estava igual,
me sinto totalmente indiferente.
E deserta.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

In







Quando te faltarem as palavras.
O silêncio será teu refugio.
Tem um encontro marcado ali.
Com teus pensamentos.
Tua consciência.
A companhia ideal para saber quem és.
Sentado ali, diante de ti,
a sós com tuas verdades,
procura ser inteiro.
Entende teus desejos mais secretos,
relembra teus sonhos.
Coisas que por alguma razão, não se realizaram.
Sentimentos grandiosos que quase te engoliram.
De amor incondicional.
Que só depende de ti para existir.
E toda vez que te escapa entre os dedos,
é quando te encontras um pouco mais.

domingo, 4 de outubro de 2009

Perguntas

Hoje será um dia para lembrar?
Por quanto tempo?
O que aconteceu hoje que tem poder suficiente para ficar em tua memória?
Fez algo que possa ter te matado de medo?
Desafiou alguém?
Ligou e disse algumas verdades há tempos guardadas?
Escreveu um texto revelando um segredo estarrecedor?
Disse para alguém que nem imagina, o quanto você sempre morreu de amor?
Mandou um email, dizendo a alguém que nunca mais viu que tem muitas saudades?
Fez as pazes com um velho amigo?
Hoje você parou para pensar e tentar trazer a mente sua lembrança mais remota?
E com quantos anos consegue se ver? De que momento exato se lembra? Quem você vê?
O que nesta tua vida é inesquecível? Quantos momentos você consegue guardar?
Aonde estão os teus momentos, com que frequência você os visita?
O que te move?
De tudo o que experimentou, o que te faz sentir que é divino?
O que carrega ai dentro de tão valioso?
Tens acesso a isso tudo?
E se hoje ainda, fosse tua última chance de responder?
Você teria as respostas?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Teu

Existe uma saudade que precisa ardentemente de ti.
São tuas lembranças que movem esse mundo.
Ensinam significados verdadeiros.
E escrevem uma outra história.
As palavras tentam fazer algum sentido.
Lutam para fazer o registro dessa experiência.
No meio de tantos sentimentos,
elas se aliviam em poder te alcançar.
Ansiosas pelo encontro, não querem mais ser minhas.
Apenas tua.